quarta-feira, 21 de maio de 2008

Os corticosteróides podem não reduzir a mortalidade em crianças com meningite

Os corticosteróides podem não reduzir a mortalidade em crianças com meningite bacterianaAutora: Laurie BarclayPublicado em 06/05/2008
De acordo com os resultados de um estudo de coorte retrospectivo publicado no dia 7 de maio no Journal of the American Medical Association, o tratamento adjuvante com corticosteróides não foi associado a um risco de mortalidade diminuído ou menor período de hospitalização.
Em adultos, os corticosteróides adjuvantes reduzem significativamente a mortalidade associada à meningite bacteriana. Contudo, em crianças, os estudos revelam resultados conflitantes, segundo Jillian Mongelluzzo, do Children's Hospital of Philadelphia, na Pennsylvania.
"Preocupações sobre o uso de corticosteróides estão relacionadas ao potencial de penetração no fluido cérebro-espinhal dos antibióticos e aos potenciais efeitos adversos dos corticosteróides, como sangramento gastrointestinal", declaram os autores.
Entre 1º de janeiro de 2001 e 31 de dezembro de 2006, um total de 2.780 crianças foram diagnosticadas com meningite bacteriana em 27 hospitais terciários americanos que enviaram os dados ao banco de dados administrativo do Pediatric Health Information System.
Na coorte do estudo, 57% eram meninos com idade média de nove meses (interquartil, 0-6 anos). Streptococcus pneumoniae foi o organismo mais comum identificado, e 248 crianças (8,9%) receberam corticosteróides adjuvantes.
A taxa de mortalidade geral foi de 4,2% (intervalo de confiança de 95% [IC], 3,5% - 5,0%), com incidência cumulativa de 2,2% aos sete dias após a admissão e 3,1% aos 28 dias após a admissão.
Em nenhum grupo, a terapia com corticosteróide adjuvante foi associada com redução de mortalidade. O
hazard ratio [HR] para crianças menores de um ano foi 1,09 (IC de 95%, 0,53 – 2,24), o HR para 1-5 anos de idade foi 1,28 (IC de 95%, 0,59 – 2,78), e o HR para crianças maiores que cinco anos foi 0,92 (IC de 95%, 0,38-2,25).
O tempo para alta hospitalar não foi afetado pelo uso de corticosteróide. Os achados não foram diferentes nos subgrupos de crianças com meningite pneumocócica ou meningocócica ou naqueles que obtiveram cultura do fluido cérebro-espinhal realizada no hospital.
As limitações do estudo incluem diagnóstico não confiável no momento da alta hospitalar mascarando doenças específicas ou patógenos, falta de dados de fatores clínicos específicos potencialmente associados à gravidade da doença, tais como paralisia do nervo craniano e hipotermia, número restrito de pacientes incluídos nos vários subgrupos e inabilidade para determinar a dose e o tempo de administração do corticosteróide.
Os autores concluem dizendo que o tratamento com corticosteróide em meningite bacteriana parece estar aumentando. Um estudo randomizado deve explorar melhor os benefícios do tratamento na morbidade e mortalidade em crianças com meningite bacteriana, antes de considerarmos seu uso de rotina.
JAMA. 2008;299:2048-2055.
Informação sobre a autora: A Dra. Laurie Barclay é revisora e escritora freelancer para o Medscape. Declaração de conflito de interesses: A autora declara não possuir conflito de interesses.

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